quarta-feira, 11 de março de 2009

Textos de Apoio – Módulo 2

Consumo sustentável, energia e mobilidade

A produção e consumo sustentável são assuntos de extrema importância nos dias actuais. Actualmente, o grande desafio da sociedade consiste no perseguimento de um paradigma sustentável. O planeta está a ser explorado para além da sua capacidade, traduzindo-se em impactes ambientais que vêm a afectar o nosso bem-estar e das gerações futuras. Todos estes problemas ambientais - como as alterações climáticas, a perda de biodiversidade, entre outros - provêem dos nossos padrões de produção e consumo. 
Apesar dos progressos tecnológicos das últimas décadas o problema está longe de ser resolvido. A nossa capacidade produtiva seria suficiente para satisfazer as necessidades moderadas de toda a população se todos os recursos fossem melhor distribuídos. Contudo a tecnologia não é suficientemente eficiente para tornar os nossos estilos de vida sustentáveis. O actual paradigma assenta na premissa de que o consumo traz melhorias no bem-estar e na qualidade de vida, mas podemos nos questionar se é isso que se tem verificado. O progresso tem-nos trazido mais depressões, mais consumo sem significado, e cada vez mais, estamos presos a um ciclo sem fim de trabalho e actividades.  
Neste sentido, o sector dos transportes é uma área-chave do consumo - em conjunto com a habitação e alimentação, é responsável por cerca de 3/4 dos problemas ambientais. Numa perspectiva mais estratégica o ordenamento do território, e em particular os transportes é um vector determinante para a interacção social, a qual será um dos pilares essenciais para o alcance da sustentabilidade.
O encontro fortuito com o "outro" é a pedra de toque da cidade democrática. Ao colocarmos durante as últimas décadas a mobilidade como a prioridade a assegurar a todo o custo, fomos gradualmente perdendo a qualidade dos espaços de encontro. A opção pelas velocidades cada vez mais altas, leva necessariamente à apropriação tecnocrática do meio urbano por um pandemónio de sinalética e sua progressiva fragmentação pelas infra-estruturas rodoviárias – tudo factores que impõem a ocupação selvática do automóvel e esterilizam o espaço cívico que nos resta. Uma das formas mais simples de medir a saúde de uma democracia numa sociedade é através da dimensão dos seus passeios. A mobilidade é uma forma de consumo para atingir um fim. Na generalidade dos casos não é um fim em si mesmo. Temos que começar a encarar a mobilidade sobre a perspectiva mais vasta do consumo sustentável e consequentemente mais responsável – os impactos dos produtos nos outros, o problema do aumento geral do consumo e da mobilidade em particular, forças motrizes que levam as pessoas a consumir, etc.
Que elementos chave são necessários para a criação de consensos em torno destas alterações de comportamento, é um dos temas que se coloca com frequência na investigação genérica sobre o consumo sustentável. Só com a consciencialização colectiva da sociedade civil (consumidores e cidadãos) estes podem ter mais influência sobre os padrões de consumo em geral (tanto no lado da procura como da oferta) como sobre a gestão das cidades e a forma como nos movimentamos em particular.

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