quinta-feira, 5 de março de 2009

Módulo 1 - O que é a biodiversidade urbana?

Maria José Caramujo

Maria José Caramujo Rocha de Carvalho é colaboradora do Centro de Biologia Ambiental, onde tem desenvolvido projectos de pós-doutoramento desde 2003. Além do interesse em biodiversidade, estuda teias tróficas em ecossistemas de água doce com ênfase no papel de ácidos gordos no crescimento de crustáceos.Tem trabalhado em cooperação com as universidades de Amsterdam (Países Baixos), de Louisiana State (EUA) e de Gent (Bélgica). Doutorou-se em Biologia Populacional de crustáceos pela Universidade de Lisboa em 1999, tendo obtido a licenciatura em Recursos Faunisticos e Ambiente pela Faculdade de Ciências da Univ. de Lisboa. É autora de várias publicações científicas na área da Ecologia. O seu trabalho foi apresentado em mais de uma dezena de encontros científicos internacionais que incluem os encontros da Sociedade Internacional de Limnologia e da Associação Americana de Limnologia e Oceanografia.



Resumo

Neste módulo far-se-á uma breve introdução às razões que conduziram ao interesse pela biodiversidade urbana e a integrá-la no grande objectivo de reduzir a perda de biodiversidade mundial. Nas cidades e aglomerados populacionais podem existir habitats e corredores verdes que acolhem e permitem a movimentação de espécies comuns e até raras. Dado o valor elevado dos serviços que prestam aos habitantes (desde actividades de lazer até ao fornecimento de alimentos), os jardins, hortas, terrenos baldios e florestas que circundam as cidades são geralmente apreciados. No entanto, frequentemente descuramos o seu valor em termos de biodiversidade e como devem ser incorporados nos planeamentos urbanísticos.

Em Viena, defendendo que os “baldios” além de valor biológico têm também valor estético, o arquitecto Hundertwasser incorporou áreas tradicionalmente destinadas ao jardim do edifício mas deixou-as sem intervenção humana, ao “abandono”. Este arquitecto incorporou também arbustos e árvores nos terraços e em vários locais dos edifícios. Embora estas medidas fossem inicialmente pensadas no bem estar dos habitantes, que assim poderiam seguir o ritmo das estações do ano, fomentou de forma singular a biodiversidade de uma cidade. Geralmente vivemos casos menos vanguardistas que estes e, na verdade, o que é, e como se favorece, a biodiversidade urbana?

Certas áreas urbanas têm grande diversidade biológica, quer pela manutenção de espécies locais, quer pela introdução planeada, ou sem intenção, de outras espécies. Podemos adoptar a definição da Convenção das Nações Unidas para a biodiversidade biológica, no entanto, de forma a adoptar uma definição mais prática para a biodiversidade urbana iremos assim seguir a recomendação da CBD mas defini-la de uma forma diferente.

Não existem indicadores estabelecidos para a medição da biodiversidade urbana. No entanto existem algumas tentativas nomeadamente a intenção de desenvolver um conjunto de indicadores de biodiversidade Urbana por parte da Agência Ambiental Europeia. Pretende-se assim desenvolver formas de medir quantitativa e qualitativamente a biodiversidade urbana que irão ser exploradas neste módulo. Em termos do estado da biodiversidade urbana, faremos uma abordagem aos casos mais estudados do norte da Europa onde o povoamento é esparso, com edificação entre pedaços interligados de floresta (mais ou menos) nativa. Faremos uma comparação e discussão com as cidades Mediterrânicas onde o povoamento é mais concentrado.

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